Alberto Magalhães*
É engano pensar que a fé é finalidade em si mesma para uma vida vitoriosa, do ponto de vista espiritual. Ou que ela é o ponto de chegada para o ser humano enlevado. A fé é, por assim dizer, a ponte que nos levará a um efetivo e pleno relacionamento com o autor da fé, com Aquele que a gera naqueles que a apreendem no seu espírito, não no seu intelecto. A fé é o portão de entrada para uma dimensão superior. Para um lugar virtuoso, admirável, mas do qual não se fará parte se não transitar por ele. E por mais crença que se tenha nessa dimensão – com tudo que a compõe – não será integrante do seu universo. Um admirador da plateia não tem parte real com o espetáculo que se realiza no palco.
A fé não é tudo, é só a porta de acesso para o tudo. Se não transpassá-la decididamente e definitivamente a fé não será nada mais que uma visão, e com o passar do tempo poderá se tornar uma miragem. Viver aquilo em que se crê, ou viver por aquilo em que se crê é viver a fé que se tem. O Apóstolo Tiago escreveu que a fé sem as obras é morta. Quem faz as obras tem fé. As obras são contempladas na renúncia pessoal, no despojamento das vontades próprias, no desapego material, nos atos de amor fraternal, verdade, justiça, esperança... As obras apontam para a fé. Já a fé sem obras é olhar a paisagem de longe, por detrás de uma vidraça intransponível, é definhamento espiritual. Miragem de moribundo no deserto.
*Alberto Magalhães é funcionário publico do estado de Sergipe.
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