quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

*Nietzsche e a morte de Deus – Deus e a morte de Nietzsche

No ano de 1844 (Outubro), nascia na Saxônia um homem que se tornaria um dos maiores pensadores do século XIX. Não tanto pelo sucesso acadêmico, mas pelo seu senso racional, ele viria dar exemplo de que, quem quer aprender é só estudar, é só querer. Estamos falando de Friedrich Wilhelm Nietzsche. Que mente brilhante! Que senso crítico notável! É conhecido como o filósofo da “morte de Deus”. Que coisa fantástica! Um homem que teve a ousadia de anunciar a “morte de Deus”, realmente é digno de admiração.

Temos conhecimento da procedência teológica de Nietzsche (Luteranismo), tendo se tornado depois um homem revoltado com a religião. Mas o problema maior, não é o fato de ele ter se afastado da religião. O cerne da questão é o seu total afastamento de Deus, pois declara em seu livro The Joyful Wisdom (O Prazer da Sabedoria) “...a crença no Deus cristão se tornou indigna de crédito; nós os filósofos, sentimo-nos irradiados como por uma nova aurora ao sabermos que o velho Deus está morto, nossos corações transbordam de expectativa...” (nº 343, pág 275). É interessante observarmos que o termo Deus “cristão” ou “judaico-cristão” é um termo reducionista, colocando a crença em Deus como procedente da cultura e religião judaicas. Estudos antropológicos vão confirmar que o monoteísmo é a priori da história da humanidade e o politeísmo, a posteriori. A crença no Deus adjetivado de judaico-cristão é anterior à civilização judaica. O patriarca Abraão que viveu 2.500 anos a.C. era caldeu e já exercia a fé em Deus e foi cognominado de “o pai da fé”. Este conheceu um sacerdote do Deus Altíssimo, chamado Melquisedeque, da terra de Salém. Vemos, portanto, que nessa época o legislador Moisés ainda não existia e tão pouco a civilização judaica. A civilização grega (300 a.C), conquanto fosse mitologicamente politeísta, um de seus poetas, de nome Aratos, falou de Deus em seu poema Fenômenos, no qual diz: “Dele também somos geração”. Em outras palavras o poeta disse: de Deus somos procedentes. Os hebreus fundaram uma nação político-teocrática, baseados em uma crença anteriormente experimentada.

Nietzsche e seus seguidores deveriam ver isso. Se os judeus e os supostos cristãos distorceram a fé transformando-a num dogma, e a devoção num estado de alienação, nada tem a ver com a personalidade de Deus e Seu ser amoroso. O fato de alguém usar uma faca para ferir, não significa que a faca seja má. Mau é o usuário – o mal está neste e não naquela. A metáfora acima se aplica a Deus e ao Cristianismo distorcido como o vemos hoje – a maldade está nos seguidores e não Naquele.

Alguns objetam que o Deus o qual Nietzsche anunciou a morte é o deus cultural, o deus da religião. Vale a pena fazer uma observação importante: há 2000 anos atrás, houve um homem chamado Jesus que também anunciou a morte do deus cultural e da religiosidade hipócrita. Por outro lado, mostrou na prática que há um Deus real, Único e Soberano, maior que o deus da cultura e da religião. Um Deus libertador dos oprimidos, justo e de amor – Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Por que ele (Nietzsche) não fez o mesmo? O deus monopolizado pelas religiões não é digno de adoração e nem devemos crer nele. Esse deus aliena, oprime e mata. Nietzsche não queria esse deus – Jesus também não. Nietzsche não cria nesse deus e nem no Deus de Jesus. Ele tinha ódio do deus da religião e medo do Deus de Jesus.

Nietzsche morreu e Deus continua vivo. Deus existe e nunca deixou nem deixará de existir, pois é eterno e transcendental. Marx disse: “...A religião é o ópio do povo” – Jesus não é religião, não é um dogma; é a verdade única e eterna. O Catolicismo, o Protestantismo e as demais religiões são criações do homem. Deus não tem culpa das falhas dos religiosos. A espiritualidade é pessoal e intransferível e não é conflitante com a religião Cristã pura, antes é uma característica do religioso humilde, desprovido de intermediações entre ele e o Criador, a não ser a Bíblia com uma interpretação pura. Deus não existe apenas para quem crê. Antes que a religião e o seu criador (o homem) existissem, Deus já existia eternamente antes até mesmo desse negócio que chamamos de tempo, mas que não sabemos muito bem o que é. As Sagradas Escrituras dizem: “Deus colocou no homem a idéia da eternidade”, e mais: “Nele vivemos, nos movemos e existimos”. Nós não podemos inventar Deus – Ele, sim, foi quem nos criou. Deus chama pessoas para servir a Ele e não à religião. A religião quando deturpada é um túnel escuro e sem saída – podemos ver isso na atual guerra EUA x Iraque: este, mulçumano; aquele, protestante. O orgulho demasiadamente humano de Nietzsche e outros não os deixaram ver além da religião e da cultura.

Esse filósofo e as pessoas que dizem não crer em Deus deviam ver que o oxigênio que elas respiram não é cultural e nem religioso: é natural, gratuito e abundante para todos os pulmões no mundo inteiro e em todas as épocas. Por que não reconhecem isso? É aceitável fazer críticas às religiões, pois elas são passíveis de críticas. Mas é inaceitável criticar Deus que nenhum mal nos fez. Jesus criticou a religiosidade hipócrita, mas amava a Deus e O chamava de Pai de Amor.

Guilardo Tavares de Freitas, professor graduado em Letras com especialização em inglês e especialização em informática aplicada à educação, pela UFPB. Bacharelando em Teologia, pelo Instituto Cristão de Pesquisa – ICP

Fonte: http://www.paraibavip.com.br/

Um comentário:

  1. Caro Guilardo,
    A religião protestante deixa as pessoas livres e as preparam para conhecer a bíblia com profundidade e definir a sua fé. A luta EUA x Iraque não é religiosa pois os governos ou governantes seguem interesses econômicos, por trás de temas religiosos. Até mesmo a maioria dos americanos não são mais evangélicos. Se você anula por completo a religião o que sobrará para os crentes compartilharem a sua fé? Jesus frequentava as sinagogas não para anulá-las mas para aprimorar espiritualmente os seus integrantes que eram mais legalistas que espirituais. Jesus os ensinava porque o fundamento eles tinham: a fé em Deus, com seus atributos de poder, santidade e zelo pelo homem, só esqueciam, por vezes, o amor e a misericórdia elo principal do relacionamento homem/Deus.
    Abraço.
    Alberto Magalhães

    Meu prezado amigo Alberto,
    Obrigado pelas observações sobre o texto. A luta EUA X Iraque é também religiosa. Para os EUA o Islamismo é o reino de Satã. E vice-versa. A maioria dos americanos é evangélica eles podem não ser mais cristãos. Eu não anulo a religião. A verdade é quem faz isso(João 14:6; Mat. 23). O que sobrará para os crentes? Respondo: A Bíblia, só a Bíblia nada mais do que a Bíblia. Quando Jesus foi à sinagoga para aprimorá-las espiritualmente eles o expulsaram de lá. No Templo foi a mesma coisa. Mais uma prova de que eles se auto anulavam espiritualmente como fazem os evangélicos que tem zelo, mas esquecem o amor e a misericórdia ensinada nos evangelhos (João 8:32 a 36).
    Nele, em quem somos aprimorados espiritualmente para o amor e a misericórdia.

    Guilardo Tavares.

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