No ano de 1844 (Outubro), nascia na Saxônia um homem que se tornaria um dos maiores pensadores do século XIX. Não tanto pelo sucesso acadêmico, mas pelo seu senso racional, ele viria dar exemplo de que, quem quer aprender é só estudar, é só querer. Estamos falando de Friedrich Wilhelm Nietzsche. Que mente brilhante! Que senso crítico notável! É conhecido como o filósofo da “morte de Deus”. Que coisa fantástica! Um homem que teve a ousadia de anunciar a “morte de Deus”, realmente é digno de admiração.
Temos conhecimento da procedência teológica de Nietzsche (Luteranismo), tendo se tornado depois um homem revoltado com a religião. Mas o problema maior, não é o fato de ele ter se afastado da religião. O cerne da questão é o seu total afastamento de Deus, pois declara em seu livro The Joyful Wisdom (O Prazer da Sabedoria) “...a crença no Deus cristão se tornou indigna de crédito; nós os filósofos, sentimo-nos irradiados como por uma nova aurora ao sabermos que o velho Deus está morto, nossos corações transbordam de expectativa...” (nº 343, pág 275). É interessante observarmos que o termo Deus “cristão” ou “judaico-cristão” é um termo reducionista, colocando a crença em Deus como procedente da cultura e religião judaicas. Estudos antropológicos vão confirmar que o monoteísmo é a priori da história da humanidade e o politeísmo, a posteriori. A crença no Deus adjetivado de judaico-cristão é anterior à civilização judaica. O patriarca Abraão que viveu 2.500 anos a.C. era caldeu e já exercia a fé em Deus e foi cognominado de “o pai da fé”. Este conheceu um sacerdote do Deus Altíssimo, chamado Melquisedeque, da terra de Salém. Vemos, portanto, que nessa época o legislador Moisés ainda não existia e tão pouco a civilização judaica. A civilização grega (300 a.C), conquanto fosse mitologicamente politeísta, um de seus poetas, de nome Aratos, falou de Deus em seu poema Fenômenos, no qual diz: “Dele também somos geração”. Em outras palavras o poeta disse: de Deus somos procedentes. Os hebreus fundaram uma nação político-teocrática, baseados em uma crença anteriormente experimentada.
Nietzsche e seus seguidores deveriam ver isso. Se os judeus e os supostos cristãos distorceram a fé transformando-a num dogma, e a devoção num estado de alienação, nada tem a ver com a personalidade de Deus e Seu ser amoroso. O fato de alguém usar uma faca para ferir, não significa que a faca seja má. Mau é o usuário – o mal está neste e não naquela. A metáfora acima se aplica a Deus e ao Cristianismo distorcido como o vemos hoje – a maldade está nos seguidores e não Naquele.
Alguns objetam que o Deus o qual Nietzsche anunciou a morte é o deus cultural, o deus da religião. Vale a pena fazer uma observação importante: há 2000 anos atrás, houve um homem chamado Jesus que também anunciou a morte do deus cultural e da religiosidade hipócrita. Por outro lado, mostrou na prática que há um Deus real, Único e Soberano, maior que o deus da cultura e da religião. Um Deus libertador dos oprimidos, justo e de amor – Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Por que ele (Nietzsche) não fez o mesmo? O deus monopolizado pelas religiões não é digno de adoração e nem devemos crer nele. Esse deus aliena, oprime e mata. Nietzsche não queria esse deus – Jesus também não. Nietzsche não cria nesse deus e nem no Deus de Jesus. Ele tinha ódio do deus da religião e medo do Deus de Jesus.
Nietzsche morreu e Deus continua vivo. Deus existe e nunca deixou nem deixará de existir, pois é eterno e transcendental. Marx disse: “...A religião é o ópio do povo” – Jesus não é religião, não é um dogma; é a verdade única e eterna. O Catolicismo, o Protestantismo e as demais religiões são criações do homem. Deus não tem culpa das falhas dos religiosos. A espiritualidade é pessoal e intransferível e não é conflitante com a religião Cristã pura, antes é uma característica do religioso humilde, desprovido de intermediações entre ele e o Criador, a não ser a Bíblia com uma interpretação pura. Deus não existe apenas para quem crê. Antes que a religião e o seu criador (o homem) existissem, Deus já existia eternamente antes até mesmo desse negócio que chamamos de tempo, mas que não sabemos muito bem o que é. As Sagradas Escrituras dizem: “Deus colocou no homem a idéia da eternidade”, e mais: “Nele vivemos, nos movemos e existimos”. Nós não podemos inventar Deus – Ele, sim, foi quem nos criou. Deus chama pessoas para servir a Ele e não à religião. A religião quando deturpada é um túnel escuro e sem saída – podemos ver isso na atual guerra EUA x Iraque: este, mulçumano; aquele, protestante. O orgulho demasiadamente humano de Nietzsche e outros não os deixaram ver além da religião e da cultura.
Esse filósofo e as pessoas que dizem não crer em Deus deviam ver que o oxigênio que elas respiram não é cultural e nem religioso: é natural, gratuito e abundante para todos os pulmões no mundo inteiro e em todas as épocas. Por que não reconhecem isso? É aceitável fazer críticas às religiões, pois elas são passíveis de críticas. Mas é inaceitável criticar Deus que nenhum mal nos fez. Jesus criticou a religiosidade hipócrita, mas amava a Deus e O chamava de Pai de Amor.
Guilardo Tavares de Freitas, professor graduado em Letras com especialização em inglês e especialização em informática aplicada à educação, pela UFPB. Bacharelando em Teologia, pelo Instituto Cristão de Pesquisa – ICP
Fonte: http://www.paraibavip.com.br/
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
*Deus
(Discurso no Colégio Anchieta)
Rui Barbosa*
Não alcanço o ponto de vista de Sirius. Mas no ponto de vista da humana razão, ao menos até onde ela coincide com a minha, Deus é a necessidade das necessidades. Deus é a chave inevitável do Universo, Deus é a incógnita dos grandes problemas insolúveis, Deus é a harmonia entre as desarmonias da criação. Incessantemente passam, e hão de passar no vórtice dos tempos, as idéias, os sistemas, as escolas, as filosofias, os governos, as raças, as civilizações; mas a intuição de Deus não cessa, não cessará de esplender, através do eterno mistério, no fundo invisível do pensamento, como o mais remoto dos astros nas profundezas obscuras do éter. A realidade suprema, de onde nos cai perenemente esse raio de luz, é inextinguível. Mas de tão longe nos vem ele na imensidade do existir, que, ainda quando momentaneamente lhe pudéssemos supor apagado o foco remotíssimo, primeiro pereceria a humanidade que deixasse de ver aceso na estrema do horizonte esse ponto luminoso.
*Textos escolhidos, série "Nossos Clássicos", Agir Editora, 2ª edição, 1968
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Sobre Jesus
Cristo incomodava demais os líderes religiosos da época que pretendiam ser os detentores da verdade teológica (...) no sermão do monte, Jesus amplia a visão do relacionamento e da comunhão com Deus para além dos limites da liturgia, dos sacrifícios (de animais*), dos cerimoniais e do sacerdócio, esclarecendo que o verdadeiro sentimento religioso nasce de um coração quebrantado, da fé manifestada nos gestos e da pureza das nossas intenções (...) os ensinos do sermão do monte propiciam o alargamento da nossa visão no que se refere aos valores do reino de Deus essencialmente diferente dos valores do reino dos homens. Isso porque o Cristianismo é, antes de tudo, um desafio à nova vida, à nova mentalidade, ao novo andar, ao novo comportamento, às novas opiniões e aos novos sentimentos. É um desafio para que adotemos um novo caminho enquanto tanta gente vaga nos descaminhos de uma sociedade doente e decadente.
*nota do blog
Autor: Carlos César Peff Novaes, Pr.
Jesus não ensinou nenhuma nova lei, nenhuma técnica de piedade e não tinha nenhuma inclinação para a casuística moral ou jurídica e para todas as questões da interpretação da lei (lei mosaica*), Ele anunciou uma nova liberdade em face da legalidade: o amor sem limites.
*nota do blog
Autor: Hans Kung
*Será que o sionismo fracassou?
Por Rav Moshe Bergman
Há 61 anos, o povo judeu teve o privilégio de concretizar o que gerações anteriores não haviam conseguido. O Estado de Israel foi criado, tornando-se um fato consumado. Quando Herzl apresentou, no primeiro Congresso Sionista, a visão de um Estado judeu, suas palavras pareciam um delírio estranho. Apesar de tudo, o movimento sionista conseguiu cumprir o seu propósito. Hoje, ao voltarmos nossos olhos para 61 anos atrás, temos que examinar se o objetivo do movimento sionista foi realmente alcançado.
O Estado de Israel difere, num ponto essencial, de todos os outros países. Toda nação foi criada por pessoas que nela viviam. Ao Brasil, por exemplo, acorreram pessoas de todas as nacionalidades. Com o passar dos anos, criou-se entre elas uma cultura e língua comuns e elas se transformaram no povo brasileiro. O povo opunha-se a que um monarca estrangeiro (no caso do Brasil, o rei de Portugal) determinasse o seu modo de vida. Foi assim que o Brasil se tornou independente. O mesmo aconteceu com todos os países do mundo: as pessoas que ali viviam desejavam um governo soberano.
O Estado de Israel é diferente dos demais. Ele não se estabeleceu, foi estabelecido por pessoas que já eram cidadãos dos países em que viviam. O que havia de comum a todas elas, que se autodenominavam “judeus”? Ora, os judeus da Rússia e do Marrocos não tinham uma nação, uma língua ou uma cultura em comum.
O único elo que os unia era uma tradição religiosa ortodoxa antiga. Uma tradição “estranha”, que não foi abandonada pelos que nela acreditavam, apesar de milhares de anos de perseguições e pogroms. Ainda que suas exigências fossem mais numerosas e severas que as de outra religião, cumpriam suas normas zelosamente. Não foram feitas “retificações” e “reformas” liberais para modificá-la ou adulterá-la. Apesar de viverem entre religiões e nações distintas, estes judeus não assimilaram a religião local. Preferiram, de um modo racionalmente inexplicável (segundo a concepção laica), persistir em sua religião distinta e singular. A não ser por esta preservação obstinada da religião, não há nada que sirva de elemento de união entre os judeus do mundo.
Há cerca de 157 anos, algo estranho aconteceu com o povo judeu. Um grande grupo decidiu abandonar oficialmente a religião judaica, aquela mesma religião pela qual seus antepassados estavam dispostos a morrer e que preservava a união judaica. Estas pessoas, no entanto, tomaram uma decisão inusitada: ainda que não cumprissem os preceitos religiosos, consideravam importante manter-se judeus. Queriam identificar-se como judeus, construir escolas judaicas e ainda mais: criar um estado judeu.
Por que este interesse em preservar o Judaísmo? O que há de mal na assimilação aos habitantes dos países nos quais viviam? Qual a essência deste Judaísmo? O que há em comum entre os judeus do mundo atualmente?
Judeus laicos não têm uma resposta clara e coerente para tais questionamentos. Não obstante a falta de lógica que nisso existe, as pessoas preservaram o Judaísmo. Apesar da definição nebulosa e pouco clara do conceito “Judaísmo”, fizeram algo sem precedentes na história da humanidade. Foram, com dedicação plena, para uma terra primitiva, repleta de doenças e de guerras. Abandonaram seu trabalho e uma vida ordenada e estabeleceram novas colônias agrícolas. Lutaram com todas as suas forças e morreram pela criação do estado judeu. Até hoje nos surpreendemos e valorizamos a atitude heróica dos soldados de Tzahal.
Por que era tão importante criar um estado judeu? Qual era o objetivo do movimento sionista?
Quando Herzl falou sobre a visão de um Estado judeu, tinha diante de si dois objetivos.
1. A salvação física do povo judeu
O julgamento de Alfred Dreyfus, um judeu que foi condenado pelo simples fato de ser judeu, exerceu sobre ele grande influência. Herzl argumentava que o problema do anti-semitismo seria resolvido apenas com a criação de um estado judeu. Então, os habitantes locais não mais nos considerariam como pessoas que observam uma tradição diferente. Seríamos um povo natural, aceito com compreensão, à semelhança dos demais. O terrível Holocausto que teve lugar mais tarde, provou, aparentemente, o argumento de Herzl. Somente um estado judeu seria capaz de assegurar o bem-estar e a sobrevivência física do povo.
O próprio Herzl não podia oferecer uma explicação lógica para o fenômeno “inusitado” da não assimilação do povo judeu. Por que é preciso criar um estado, ao invés de assimilar-se às nações? Se a religião judaica carece de importância, por que é necessário preservar este povo e criar para ele uma pátria? Não seria mais simples, por exemplo, que os judeus da Itália se transformassem em italianos leais ou os judeus da Polônia, em poloneses leais, resolvendo desta forma o problema da distinção dos judeus?
2. O valor espiritual do povo judeu
Os fundadores do sionismo viram que o povo judeu possui valores morais mais elevados que os de todos os outros povos do mundo. As visões proféticas (que pregavam a preservação da religião judaica) são caracterizadas por um nível muito alto de moralidade e de preocupação com o bem-estar do próximo. O povo de Israel precisa assegurar sua existência a fim de servir de “luz para as nações”.
Devemos preservar o Judaísmo, mas somente em sua esfera moral. Esta luz será então difundida pelo mundo. Ben Gurion declarou ser este o objetivo principal do Estado de Israel. Porém, o próprio Ben Gurion não sabia explicar por que, para isso, era necessária justamente a Terra de Israel. Tal visão poderia ser igualmente concretizada em Uganda, ou num dos estados norte-americanos. Esta visão é também universal, não havendo necessidade da “Lei do Retorno”, que permite a imigração a Israel apenas para judeus. Todo aquele que compartilha desta visão moral deveria receber permissão para imigrar.
Hoje, após 61 anos, devemos examinar como o Estado de Israel se posiciona diante destas incumbências.
Será que o Estado de Israel preserva, atualmente, a sobrevivência física do povo judeu?
A realidade prática é totalmente inversa. O Estado de Israel é hoje o principal lugar em que judeus são mortos pelo simples fato de serem judeus. As notícias desoladoras que chegam de lá acrescentam novas vítimas diariamente. É justamente na Diáspora que os judeus contam com uma segurança maior. No Brasil ou nos Estados Unidos, os judeus passeiam pelos shoppings e pelo centro da cidade com uma sensação de segurança muito maior que a dos habitantes da capital de Israel.
A probabilidade de que uma bomba atômica caia, Deus o livre, sobre o Estado de Israel, vinda do Irã ou do Iraque, é muito maior, atualmente, do que a ocorrência de um novo Holocausto nos Estados Unidos.
Se a salvação física era seu propósito primordial, a visão sionista foi um fracasso retumbante. 61 anos depois da criação do Estado, a paz tão almejada sequer é vislumbrada no horizonte.
Porventura o Estado de Israel é hoje uma “luz para as nações”?
Quem lê as notícias internacionais chega a uma conclusão oposta. Apesar de sabermos que os fatos são inversos, o Estado de Israel é sempre apresentado como vilão. Aos olhos do mundo, somos assassinos de cidadãos inocentes, que lutam pela liberdade de sua pátria. A televisão brasileira, por exemplo, sempre é mais compreensiva com as posições do lado árabe. Quando participo das reuniões do Consulado de Israel, os mesmos argumentos se repetem: por que a divulgação de Israel fracassa? Não há dúvida nenhuma que, atualmente, o Estado de Israel não constitui nenhum modelo moral positivo e elevado aos olhos do mundo.
Talvez até mesmo o contrário - um modelo cruel e distante dos parâmetros da moralidade. As propostas exageradas de Ehud Barak aos árabes tampouco fizeram que o mundo chegasse à conclusão que somos nós os que têm razão.
A conclusão que aparentemente se faz necessária é que a criação do Estado de Israel foi um grande fracasso. Os fundadores do Estado não alcançaram nenhum objetivo e é preferível fechar suas portas ou abandoná-lo o mais rápido possível. Não é surpreendente que argumentos deste tipo sejam hoje proferidos, sem nenhum pudor, pela imprensa israelense laica.
Mas o sionismo tinha um objetivo adicional, não declarado abertamente por seus principais fundadores, e considerado essencial pelo sionismo religioso, participante pleno do empreendimento sionista.
A partir do momento em que retornamos para uma definição religiosa do povo judeu, tudo se esclarece. O povo de Israel é um povo cujo propósito é aproximar-se, por intermédio das leis bíblicas, da vontade divina. Deste modo, alcançaremos a felicidade máxima do ser humano, bem como sua principal finalidade em vida. Devemos levar a palavra de Deus para o mundo, difundindo-a entre os povos. A tradição ortodoxa, que serviu de elemento comum entre os judeus por milhares de anos, constitui o âmago e o significado do Judaísmo. Por isso, nos é proibida a assimilação aos demais povos e devemos preservar a singularidade de nossa religião.
Este propósito religioso só pode ser plenamente realizado em Israel, o lugar adequado para atingir as qualidades espirituais e a proximidade de Deus.
A Diáspora não é uma condição saudável, ou natural, para a vida do povo e da religião judaicos. Uma parte essencial da vida religiosa plena é a de ser um povo. Não “brasileiros de fé mosaica”, e sim um povo judeu. Um povo com um estado, um governo, uma bandeira, um hino e uma cultura religiosa próprios.
Esta é a concepção que o sionismo veio sanar e corrigir. Quanto mais progredirmos em direção a este objetivo, mais próximos estaremos de concretizar outros, tais como a segurança, a paz e a “luz para as nações”. A Torá assegura que, uma vez cumpridos os preceitos bíblicos, os problemas de segurança serão resolvidos: “Se nos Meus estatutos andardes e Meus preceitos guardardes... darei paz à terra, e vos deitareis e ninguém vos amedrontará” (Levítico, 26:3). Então, também difundiremos a luz da religião judaica para todos os povos do mundo. Esta é a profecia de Isaías (2:3): “Muitos povos virão, dizendo: ‘Vinde, subamos ao monte do Eterno, à casa do Deus de Jacó! Para que ele nos instrua a respeito dos seus caminhos e assim andemos na suas veredas’. Com efeito, de Sião sairá a Lei, e de Jerusalém, a palavra do Eterno... E quebrarão as suas espadas, transformando-as em relhas, e as suas lanças, a fim de fazerem podadeiras. Uma nação não levantará a espada contra a outra, e nem se aprenderá mais a fazer guerra. Ó casa de Jacó, vinde, andemos na luz do Eterno”.
Este é o caminho da Terceira Redenção do povo judeu. No início, uma redenção material, o retorno ao modo de vida normal e natural do povo, enquanto nação. Depois dela, o retorno espiritual, quando então nos fortaleceremos com a tradição e a religião do povo. Se esta é a finalidade do sionismo, ele resultou num imenso sucesso. A mitzvá de colonização da Terra de Israel, cujo cumprimento foi impedido por tão longo tempo, voltou a ocupar seu lugar central na vida do povo. O governo autônomo judaico em Israel retornou. Centenas de milhares de judeus, observantes das normas religiosas, cumprem hoje preceitos que dependem da existência da Terra de Israel. O centro espiritual e religioso do povo foi reconstruído, depois do Holocausto, no Estado de Israel. Surgiu um movimento de retorno em massa e a porcentagem dos que voltam às raízes aumenta dia a dia. É possível ver com facilidade o grande mérito que tiveram os fundadores do Estado se fizermos uma comparação com a condição espiritual característica das comunidades judaicas da Diáspora. A maior parte dos jovens laicos perde todo interesse pelo Judaísmo, acaba se casando com não-judeus e se desliga do povo para sempre.
Em Israel, a maioria conhece a tradição e muitos voltam às raízes. Sua probabilidade de retornar ao Judaísmo original é muito maior. Já não está longe o dia em que veremos o Estado de Israel conduzindo-se de acordo com a Halachá em todas as esferas. É verdade que nem tudo é cor-de-rosa e ainda há muito para consertar, pelo que lutar. Porém, não há dúvida que um grande progresso foi alcançado com a criação do Estado. O processo está apenas em ascensão.
Por isso, certamente devemos nos alegrar e agradecer a Deus. No Yom Haatzmaut, dia da independência do Estado de Israel, devemos reconhecer a graça que tivemos o privilégio de receber. Por esta razão, nos reuniremos em nossas sinagogas, hastearemos com orgulho a bandeira de Israel e louvaremos a Deus, com alegria, pela dádiva que nos concedeu com a criação do Estado de Israel.
É verdade que os principais líderes da criação do Estado falavam abertamente sobre uma visão totalmente distinta. Contudo, temos certeza que, no seu íntimo, esta também era a sua motivação. Como já vimos, a concepção laica da criação do Estado de Israel está repleta de contradições e falta de lógica. Não há dúvida que a motivação real era o sentimento judaico profundo que a religião deixa como marca dentro de nós. Em todo judeu se revela uma qualidade única, inclusive naqueles que, exteriormente, aparentam estar destituídos de toda santidade espiritual judaica. O valor de cada judeu é muito grande aos olhos de Deus. Ainda que suas palavras pareçam uma heresia total, a motivação interior e verdadeira é o sentimento religioso, que ainda arde no seu coração. O final do processo será o retorno ao Judaísmo verdadeiro e a redenção completa do povo judeu.
Fonte: www.masuah.org
Há 61 anos, o povo judeu teve o privilégio de concretizar o que gerações anteriores não haviam conseguido. O Estado de Israel foi criado, tornando-se um fato consumado. Quando Herzl apresentou, no primeiro Congresso Sionista, a visão de um Estado judeu, suas palavras pareciam um delírio estranho. Apesar de tudo, o movimento sionista conseguiu cumprir o seu propósito. Hoje, ao voltarmos nossos olhos para 61 anos atrás, temos que examinar se o objetivo do movimento sionista foi realmente alcançado.
O Estado de Israel difere, num ponto essencial, de todos os outros países. Toda nação foi criada por pessoas que nela viviam. Ao Brasil, por exemplo, acorreram pessoas de todas as nacionalidades. Com o passar dos anos, criou-se entre elas uma cultura e língua comuns e elas se transformaram no povo brasileiro. O povo opunha-se a que um monarca estrangeiro (no caso do Brasil, o rei de Portugal) determinasse o seu modo de vida. Foi assim que o Brasil se tornou independente. O mesmo aconteceu com todos os países do mundo: as pessoas que ali viviam desejavam um governo soberano.
O Estado de Israel é diferente dos demais. Ele não se estabeleceu, foi estabelecido por pessoas que já eram cidadãos dos países em que viviam. O que havia de comum a todas elas, que se autodenominavam “judeus”? Ora, os judeus da Rússia e do Marrocos não tinham uma nação, uma língua ou uma cultura em comum.
O único elo que os unia era uma tradição religiosa ortodoxa antiga. Uma tradição “estranha”, que não foi abandonada pelos que nela acreditavam, apesar de milhares de anos de perseguições e pogroms. Ainda que suas exigências fossem mais numerosas e severas que as de outra religião, cumpriam suas normas zelosamente. Não foram feitas “retificações” e “reformas” liberais para modificá-la ou adulterá-la. Apesar de viverem entre religiões e nações distintas, estes judeus não assimilaram a religião local. Preferiram, de um modo racionalmente inexplicável (segundo a concepção laica), persistir em sua religião distinta e singular. A não ser por esta preservação obstinada da religião, não há nada que sirva de elemento de união entre os judeus do mundo.
Há cerca de 157 anos, algo estranho aconteceu com o povo judeu. Um grande grupo decidiu abandonar oficialmente a religião judaica, aquela mesma religião pela qual seus antepassados estavam dispostos a morrer e que preservava a união judaica. Estas pessoas, no entanto, tomaram uma decisão inusitada: ainda que não cumprissem os preceitos religiosos, consideravam importante manter-se judeus. Queriam identificar-se como judeus, construir escolas judaicas e ainda mais: criar um estado judeu.
Por que este interesse em preservar o Judaísmo? O que há de mal na assimilação aos habitantes dos países nos quais viviam? Qual a essência deste Judaísmo? O que há em comum entre os judeus do mundo atualmente?
Judeus laicos não têm uma resposta clara e coerente para tais questionamentos. Não obstante a falta de lógica que nisso existe, as pessoas preservaram o Judaísmo. Apesar da definição nebulosa e pouco clara do conceito “Judaísmo”, fizeram algo sem precedentes na história da humanidade. Foram, com dedicação plena, para uma terra primitiva, repleta de doenças e de guerras. Abandonaram seu trabalho e uma vida ordenada e estabeleceram novas colônias agrícolas. Lutaram com todas as suas forças e morreram pela criação do estado judeu. Até hoje nos surpreendemos e valorizamos a atitude heróica dos soldados de Tzahal.
Por que era tão importante criar um estado judeu? Qual era o objetivo do movimento sionista?
Quando Herzl falou sobre a visão de um Estado judeu, tinha diante de si dois objetivos.
1. A salvação física do povo judeu
O julgamento de Alfred Dreyfus, um judeu que foi condenado pelo simples fato de ser judeu, exerceu sobre ele grande influência. Herzl argumentava que o problema do anti-semitismo seria resolvido apenas com a criação de um estado judeu. Então, os habitantes locais não mais nos considerariam como pessoas que observam uma tradição diferente. Seríamos um povo natural, aceito com compreensão, à semelhança dos demais. O terrível Holocausto que teve lugar mais tarde, provou, aparentemente, o argumento de Herzl. Somente um estado judeu seria capaz de assegurar o bem-estar e a sobrevivência física do povo.
O próprio Herzl não podia oferecer uma explicação lógica para o fenômeno “inusitado” da não assimilação do povo judeu. Por que é preciso criar um estado, ao invés de assimilar-se às nações? Se a religião judaica carece de importância, por que é necessário preservar este povo e criar para ele uma pátria? Não seria mais simples, por exemplo, que os judeus da Itália se transformassem em italianos leais ou os judeus da Polônia, em poloneses leais, resolvendo desta forma o problema da distinção dos judeus?
2. O valor espiritual do povo judeu
Os fundadores do sionismo viram que o povo judeu possui valores morais mais elevados que os de todos os outros povos do mundo. As visões proféticas (que pregavam a preservação da religião judaica) são caracterizadas por um nível muito alto de moralidade e de preocupação com o bem-estar do próximo. O povo de Israel precisa assegurar sua existência a fim de servir de “luz para as nações”.
Devemos preservar o Judaísmo, mas somente em sua esfera moral. Esta luz será então difundida pelo mundo. Ben Gurion declarou ser este o objetivo principal do Estado de Israel. Porém, o próprio Ben Gurion não sabia explicar por que, para isso, era necessária justamente a Terra de Israel. Tal visão poderia ser igualmente concretizada em Uganda, ou num dos estados norte-americanos. Esta visão é também universal, não havendo necessidade da “Lei do Retorno”, que permite a imigração a Israel apenas para judeus. Todo aquele que compartilha desta visão moral deveria receber permissão para imigrar.
Hoje, após 61 anos, devemos examinar como o Estado de Israel se posiciona diante destas incumbências.
Será que o Estado de Israel preserva, atualmente, a sobrevivência física do povo judeu?
A realidade prática é totalmente inversa. O Estado de Israel é hoje o principal lugar em que judeus são mortos pelo simples fato de serem judeus. As notícias desoladoras que chegam de lá acrescentam novas vítimas diariamente. É justamente na Diáspora que os judeus contam com uma segurança maior. No Brasil ou nos Estados Unidos, os judeus passeiam pelos shoppings e pelo centro da cidade com uma sensação de segurança muito maior que a dos habitantes da capital de Israel.
A probabilidade de que uma bomba atômica caia, Deus o livre, sobre o Estado de Israel, vinda do Irã ou do Iraque, é muito maior, atualmente, do que a ocorrência de um novo Holocausto nos Estados Unidos.
Se a salvação física era seu propósito primordial, a visão sionista foi um fracasso retumbante. 61 anos depois da criação do Estado, a paz tão almejada sequer é vislumbrada no horizonte.
Porventura o Estado de Israel é hoje uma “luz para as nações”?
Quem lê as notícias internacionais chega a uma conclusão oposta. Apesar de sabermos que os fatos são inversos, o Estado de Israel é sempre apresentado como vilão. Aos olhos do mundo, somos assassinos de cidadãos inocentes, que lutam pela liberdade de sua pátria. A televisão brasileira, por exemplo, sempre é mais compreensiva com as posições do lado árabe. Quando participo das reuniões do Consulado de Israel, os mesmos argumentos se repetem: por que a divulgação de Israel fracassa? Não há dúvida nenhuma que, atualmente, o Estado de Israel não constitui nenhum modelo moral positivo e elevado aos olhos do mundo.
Talvez até mesmo o contrário - um modelo cruel e distante dos parâmetros da moralidade. As propostas exageradas de Ehud Barak aos árabes tampouco fizeram que o mundo chegasse à conclusão que somos nós os que têm razão.
A conclusão que aparentemente se faz necessária é que a criação do Estado de Israel foi um grande fracasso. Os fundadores do Estado não alcançaram nenhum objetivo e é preferível fechar suas portas ou abandoná-lo o mais rápido possível. Não é surpreendente que argumentos deste tipo sejam hoje proferidos, sem nenhum pudor, pela imprensa israelense laica.
Mas o sionismo tinha um objetivo adicional, não declarado abertamente por seus principais fundadores, e considerado essencial pelo sionismo religioso, participante pleno do empreendimento sionista.
A partir do momento em que retornamos para uma definição religiosa do povo judeu, tudo se esclarece. O povo de Israel é um povo cujo propósito é aproximar-se, por intermédio das leis bíblicas, da vontade divina. Deste modo, alcançaremos a felicidade máxima do ser humano, bem como sua principal finalidade em vida. Devemos levar a palavra de Deus para o mundo, difundindo-a entre os povos. A tradição ortodoxa, que serviu de elemento comum entre os judeus por milhares de anos, constitui o âmago e o significado do Judaísmo. Por isso, nos é proibida a assimilação aos demais povos e devemos preservar a singularidade de nossa religião.
Este propósito religioso só pode ser plenamente realizado em Israel, o lugar adequado para atingir as qualidades espirituais e a proximidade de Deus.
A Diáspora não é uma condição saudável, ou natural, para a vida do povo e da religião judaicos. Uma parte essencial da vida religiosa plena é a de ser um povo. Não “brasileiros de fé mosaica”, e sim um povo judeu. Um povo com um estado, um governo, uma bandeira, um hino e uma cultura religiosa próprios.
Esta é a concepção que o sionismo veio sanar e corrigir. Quanto mais progredirmos em direção a este objetivo, mais próximos estaremos de concretizar outros, tais como a segurança, a paz e a “luz para as nações”. A Torá assegura que, uma vez cumpridos os preceitos bíblicos, os problemas de segurança serão resolvidos: “Se nos Meus estatutos andardes e Meus preceitos guardardes... darei paz à terra, e vos deitareis e ninguém vos amedrontará” (Levítico, 26:3). Então, também difundiremos a luz da religião judaica para todos os povos do mundo. Esta é a profecia de Isaías (2:3): “Muitos povos virão, dizendo: ‘Vinde, subamos ao monte do Eterno, à casa do Deus de Jacó! Para que ele nos instrua a respeito dos seus caminhos e assim andemos na suas veredas’. Com efeito, de Sião sairá a Lei, e de Jerusalém, a palavra do Eterno... E quebrarão as suas espadas, transformando-as em relhas, e as suas lanças, a fim de fazerem podadeiras. Uma nação não levantará a espada contra a outra, e nem se aprenderá mais a fazer guerra. Ó casa de Jacó, vinde, andemos na luz do Eterno”.
Este é o caminho da Terceira Redenção do povo judeu. No início, uma redenção material, o retorno ao modo de vida normal e natural do povo, enquanto nação. Depois dela, o retorno espiritual, quando então nos fortaleceremos com a tradição e a religião do povo. Se esta é a finalidade do sionismo, ele resultou num imenso sucesso. A mitzvá de colonização da Terra de Israel, cujo cumprimento foi impedido por tão longo tempo, voltou a ocupar seu lugar central na vida do povo. O governo autônomo judaico em Israel retornou. Centenas de milhares de judeus, observantes das normas religiosas, cumprem hoje preceitos que dependem da existência da Terra de Israel. O centro espiritual e religioso do povo foi reconstruído, depois do Holocausto, no Estado de Israel. Surgiu um movimento de retorno em massa e a porcentagem dos que voltam às raízes aumenta dia a dia. É possível ver com facilidade o grande mérito que tiveram os fundadores do Estado se fizermos uma comparação com a condição espiritual característica das comunidades judaicas da Diáspora. A maior parte dos jovens laicos perde todo interesse pelo Judaísmo, acaba se casando com não-judeus e se desliga do povo para sempre.
Em Israel, a maioria conhece a tradição e muitos voltam às raízes. Sua probabilidade de retornar ao Judaísmo original é muito maior. Já não está longe o dia em que veremos o Estado de Israel conduzindo-se de acordo com a Halachá em todas as esferas. É verdade que nem tudo é cor-de-rosa e ainda há muito para consertar, pelo que lutar. Porém, não há dúvida que um grande progresso foi alcançado com a criação do Estado. O processo está apenas em ascensão.
Por isso, certamente devemos nos alegrar e agradecer a Deus. No Yom Haatzmaut, dia da independência do Estado de Israel, devemos reconhecer a graça que tivemos o privilégio de receber. Por esta razão, nos reuniremos em nossas sinagogas, hastearemos com orgulho a bandeira de Israel e louvaremos a Deus, com alegria, pela dádiva que nos concedeu com a criação do Estado de Israel.
É verdade que os principais líderes da criação do Estado falavam abertamente sobre uma visão totalmente distinta. Contudo, temos certeza que, no seu íntimo, esta também era a sua motivação. Como já vimos, a concepção laica da criação do Estado de Israel está repleta de contradições e falta de lógica. Não há dúvida que a motivação real era o sentimento judaico profundo que a religião deixa como marca dentro de nós. Em todo judeu se revela uma qualidade única, inclusive naqueles que, exteriormente, aparentam estar destituídos de toda santidade espiritual judaica. O valor de cada judeu é muito grande aos olhos de Deus. Ainda que suas palavras pareçam uma heresia total, a motivação interior e verdadeira é o sentimento religioso, que ainda arde no seu coração. O final do processo será o retorno ao Judaísmo verdadeiro e a redenção completa do povo judeu.
Fonte: www.masuah.org
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
*A história de Israel
ISRAEL - País do Oriente Médio asiático, banhado pelo Mediterrâneo, tem fronteiras ao norte com Líbano e Síria, a leste e sul com a Jordânia e com o Egito. Tem um pequeno litoral voltado para o Índico, pelo Golfo de Acaba e divide margens do Mar Morto com a Jordânia. Seu nome significa 'venceu com (Yisra) Deus (el)', em hebraico. Israel é também o segundo nome do patriarca Jacó, cujos descendentes, na tradição hebraica, são chamados bnei yisra'el, 'filhos de Israel'.
O registro histórico mais antigo que se conhece sobre o nome Israel está mencionado na Estela de Merneptah (num poema dedicado ao faraó Merneptah), em que o nome é associado a um povo, mas não a uma localização geográfica. Ao que se sabe, o Povo de Israel surgiu de grupos nômades que habitavam a Mesopotâmia há cerca de cinco mil anos.
No fim do século XVII a.C., este povo foi atacado e escravizado pelos egípcios. Após o fim do cativeiro no Egito, os hebreus vagaram pela região da Península do Sinai até que reconquistaram, sob o comando do rei Saul, uma parte de seu território original, as terras de Canaã, por volta de 1029 a.C.. Saul foi sucedido por David, em torno do ano 1000 a.C., que expandiu o território de Israel e conquistou a cidade de Jerusalém, onde instalou a capital do seu reino. Israel alcançou seu apogeu durante o reinado de Salomão, entre os anos 966 a.C. e 926 a.C.. Porém, pouco depois do fim do reinado de Salomão, Israel foi dividido em dois: a Norte, o Reino das Dez Tribos, também chamado de Reino de Israel, e ao Sul, o Reino das Duas Tribos, também chamado de Reino de Judá, cuja capital ficou sendo Jerusalém - do nome Judá nasceram as denominações: judeu e judaísmo. Entretanto, o território dos judeus foi sendo conquistado e influenciado por diversas potências de sua época, entre elas: assírios, persas, gregos, selêucidas e romanos.
Em 586 a.C. o imperador Nabucodonosor invadiu Jerusalém e obrigou os israelitas ao exílio. Levados à força para a Babilônia, os prisioneiros de Judá e Israel passaram cerca de 50 anos como escravos sob o domínio dos babilônios. O fim do Primeiro Êxodo possibilitou a volta dos israelitas a Jerusalém, que foi reconstruída.
Mais tarde, os romanos invadiram e dominaram a região e estabeleceram que o reino judeu seria seu protetorado. A primeira grande revolta contra o domínio romano e sua intromissão nos assuntos religiosos se iniciou no ano 66 e durou até 70 d.C., quando o general Tito invadiu a região e destruiu Jerusalém e o seu Templo. A região então foi transformada em província romana e batizada com o nome de Provincia Judaea. A segunda e última rebelião contra os romanos foi a Revolta de Bar Kochba. A rebelião foi esmagada pelo imperador Adriano em 135 d.C. e os judeus sobreviventes foram feitos escravos e expulsos de sua terra, na chamada 'diáspora'. Naquele mesmo ano, Adriano rebatizou a Provincia Judaea para Provincia Siria Palaestina, um nome grego derivado de 'Filistéia' como tentativa de desligar a terra de seu passado judaico. A Mishná e o Talmude Yerushalmi (dois dos textos sagrados judaicos mais importantes) foram escritos na região neste período.
Depois dos romanos os bizantinos e posteriormente os muçulmanos conquistaram a Palestina em 638. Seu território foi controlado por diferentes Estados muçulmanos ao longo dos séculos (à exceção do controle dos cristãos cruzados, no Século XI) até fazer parte do Império Otomano, entre 1517 e 1917.
O sionismo (termo derivado de Sion, nome de uma colina da antiga Jerusalém), surgiu na Europa em meados do século XVII. Inicialmente de caráter religioso, pregava a volta dos judeus à Terra de Israel, como forma de se proteger sua religião e cultura ancestral. Entre os séculos XIII e XIX o número de judeus que fizeram aliá (ato de um judeu imigrar para a Terra Santa) foi constante e sempre crescente, estimulado por periódicos surgimentos de crenças messiânicas e de perseguições anti-judaicas. Estas perseguições tinham quase sempre um caráter político-religioso. Os judeus que retornaram à Palestina se estabeleceram principalmente em Jerusalém, mas também desenvolveram significativos centros em outras cidades nos arredores. Os judeus já eram a maioria da população de Jerusalém no ano de 1844, convivendo com muçulmanos, cristãos, armênios, gregos e outras minorias, sob o domínio turco-otomano. A estes migrantes religiosos foram se juntar os primeiros migrantes seculares a partir da segunda metade do século. Eram em geral judeus da Europa Central e adeptos de ideologias socialistas. Porém, o sionismo moderno - fundado por Theodor Herzl, a partir de 1896 - aos poucos foi ganhando peso entre os judeus de outras partes do mundo. Começaram então novas ondas de imigrações judaicas para a província palestina, com os que lá chegavam adquirindo terras dos árabes e estabelecendo colônias e fazendas coletivas (Kibbutzim).
A escolha da causa sionista pelo território da então província palestina derivava de todo o significado cultural e histórico que a antiga Israel bíblica possuía para o povo judeu. Os sionistas defendiam a criação de um estado judaico em todo o território original de Israel, o que incluiria hoje a atual Jordânia, embora propostas de cessão de territórios na Patagônia, no Chipre e em Uganda tenham sido estudadas.
Ao término da Segunda Guerra Mundial, com a Europa destruída e os sentimentos anti-semitas ainda exaltados, milhões de judeus de todo o mundo se uniram aos sionistas na Palestina. Mas a política de restrição à imigração judaica foi mantida pelo Mandato Britânico. Como forma de burlar as determinações inglesas, grupos militantes judaicos sionistas procuravam infiltrar clandestinamente o maior número possível de refugiados judeus na Palestina. Enquanto isso, retomavam os ataques contra alvos britânicos e repeliam ações violentas dos nacionalistas árabes. Como as pressões foram se avolumando, a Grã-Bretanha decidiu abrir mão da administração da Palestina e entregou a administração da região à Organização das Nações Unidas (ONU).
O aumento dos conflitos entre judeus, ingleses e árabes forçou a reunião da Assembléia Geral da ONU, realizada em 29 de novembro de 1947 e presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha, que decidiu pela divisão da Palestina Britânica em dois estados, um judeu e outro árabe, que deveriam formar uma união econômica e aduaneira. A decisão foi aceita pela maioria das lideranças sionistas, embora tenha recebido críticas de outras organizações, por não permitir o estabelecimento do estado judeu em toda a Palestina. Mas a Liga Árabe não aceitou o plano de partilha. Eclodiu então um conflito armado entre judeus e árabes.
Em 14 de maio de 1948, algumas horas antes do término do mandato britânico sobre a Palestina, David Ben Gurion assinou a Declaração de Independência do Estado de Israel. Em janeiro de 1949, Israel realizou suas primeiras eleições parlamentares e aprovou leis para assegurar o controle educacional, além do direito de retorno ao país para todos os judeus. No período entre a Declaração de Independência e a Guerra de Independência, Israel recebeu cerca de 850 mil imigrantes, em especial sobreviventes de guerra e judeus oriundos dos países árabes (sefaraditas e Mizrahim). A Guerra dos Seis Dias (de 5 a 10 de junho de 1967) gerou uma onda de anti-judaísmo nos países sob a esfera de influência soviética. Os judeus da União Soviética eram proibidos de deixar o país, mas a partir de 1969 a reivindicação dos judeus soviéticos pelo direito a imigração possibilitou um ligeiro incremento no número destes em Israel. Na Polônia, em 1967, mais de cinco mil judeus imigraram. Até 1973, ano da Guerra do Yom Kippur, 260 mil judeus desembarcaram em Israel, a maioria de países socialistas. Atualmente Israel vive um intenso conflito armado contra seus vizinhos árabes, e sua economia floresce com o forte apoio dos EUA e remessas particulares. Há o intenso e permanente conflito com o povo palestino, que quer estabelecer seu país nas terras de seus antepassados. Atualmente, Israel é governado pelo presidente Shimon Peres e pelo primeiro-ministro Ehud Olmert.
Fonte: www.ibge.gov.br
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