Shakespeare
escreveu: “quem não tem virtudes, assuma uma”. Assim faz o homem com sua fé: se
não tem Deus – o Deus verdadeiro - em sua vida, inventa um. Então se fabricam
deuses de todos os tipos e formas: de madeira, de barro, de cerâmica, das
águas, das matas, guerreiro, a cavalo, a pé, pobre, nobre, uma deusa-mãe (a
terra), um deus sol... A pretexto de se relacionar com uma entidade “superior” aponta-se
para a existência dessas entidades no plano espiritual como a justificar tudo,
até mesmo a prerrogativa divina desses seres, assumindo assim as funções de
Deus. Como se o simples fato de ser espiritual significasse ser divino na
plenitude da expressão. E como se um Deus eterno, soberano, onisciente e
onipotente não fosse suficiente para o homem. Então se veneram espíritos
rebeldes, e aos já mortos profetas, seguidores, adoradores de Deus como se
estes personificassem Deus, ou seja, como se substituíssem o Ser divino que é o
Criador, o Mantenedor do universo, a fonte da vida, a origem da matéria. Esquecem-se
de que Deus é simplesmente Soberano, autônomo, independente, completo em si
mesmo.
Como se iludir
com tantos seres reais ou imaginados, para com eles se relacionar
espiritualmente (por meio de rituais, ações mentais, “obrigações”, pactos,
objetos, símbolos...) se o Deus, verdadeiro e único, é tão grande, completo,
perfeito, suficiente, poderoso, superior ao tempo e a vida? Por que se buscar
tão pouco então, se contentar com fragmentos quando se pode ter o todo?
Como também
ignorá-lo? Se Ele está aqui a nossa frente em todo o instante, motor propulsor
de toda essa engrenagem física e espiritual? Enorme, em uma forma que a nossa
mente limitada ainda não compreendeu? A nos constranger em cada nossa ação
danosa e a nos encher de refrigério a cada pensamento bom? Ele fez essa bola
magnífica, cheia de árvores, frutos e de pássaros para nos acolher. A faz girar
para nos trazer as estações e a brisa. Desenhou o sol para iluminar e aquecer,
e para quando o astro-rei encerrar o seu turno Ele pintou a lua romântica,
abajur da noite. Os pássaros louvam, as flores exalam perfumes, as cores
colorem toda a natureza criada, os frutos da terra variam em tantos sabores. As
nuvens regam a terra maravilhosamente e desenham no alto um arco íris,
assinatura de Deus. Os relâmpagos correm pelo céu e os trovões ribombam
gostosamente despertando a todos para vislumbrar um pouco da grandeza de Deus.
Façamos uma coisa então: não
coloquemos nada entre nós e o Criador Pai, Filho e Espírito Santo. Nenhuma
pessoa, nenhum ser, nenhuma entidade, ninguém por mais maravilhoso que seja.
Sejamos nesse momento individualistas. Um minuto de Deus é maior e mais
produtivo que a vida toda de qualquer um de nós, por mais brilhante que
sejamos. Vamos nos aproximar, nos entregar nos seus braços, abraçá-lo, conversar,
agradecer, rir por nosso amor comum e chorar as nossas dores de humano, sabendo
que Ele será sensível a tudo isso quando o seu coração for tocado por aquele
que o busca como a um filho carente do seu amor. Então a partir daí, ensinarmos
a outros a ir sozinhos aos seus braços amigos, nessa experiência pessoal,
transcendente, maravilhosa.
8h, 26 de outubro de 2012
Alberto
Magalhães